- Bastidores da Usborne
Enfrentando o problema do plástico: por que escrevi um livro infantojuvenil sobre esse tema

Katie Daynes, autora inglesa de O Livro dos Porquês – O plástico, da Usborne, foi entrevistada pelas crianças do 4o e
do 5o anos de uma escola de Yorkshire, Inglaterra.
A entrevista foi publicada na 150ªedição da revista Yorkshire Dales Review.
O que a inspirou a escrever este livro?
Ao ver o documentário Planeta Azul II, do renomado apresentador de programas de história natural da BBC David Attenborough, percebi a proporção do problema do plástico e que loucura é produzirmos itens para usar apenas uma vez com um material que dura para sempre. Decidi que um livro de perguntas e respostas seria uma ótima maneira de explorar o assunto.
O plástico é duro?
Depende da espessura e do tipo. O plástico usado em bancos de parque, por exemplo, pode suportar o peso de muitas pessoas e durar centenas de anos, já o filme de PVC é mole e fácil de rasgar, assim como o poliestireno, que quebra e amassa fácil.
Qual produto de plástico descartável é o pior?
Aquelas bandejas de isopor, feitas de poliestireno, estão, definitivamente, entre os piores itens, pois não são recicláveis e se quebram em pedacinhos, prejudicando a vida silvestre durante muitos anos.
Katie Daynes
Você sempre escreve livros informativos?
Sim, escrevo bastante. Publiquei algumas versões de contos de fadas, mas os livros informativos são minha paixão. Adoro trabalhar com não ficção.
Quanto tempo vai levar até mudarmos a quantidade que geramos de lixo plástico?
Você pode começar hoje mesmo! Ao NÃO COMPRAR coisas com embalagens plásticas desnecessárias, você já ajuda um pouquinho. Mas vai levar muito mais tempo para fábricas e consumidores em todo o mundo mudarem seus hábitos. Os governos podem contribuir, criando regras que proíbem o uso de plástico descartável.
Onde você encontrou as informações para o livro? E como você sabia que estavam corretas?
Documentários foram um bom ponto de partida. Há um fantástico chamado Oceanos de plástico, produzido pela bióloga Jo Ruxton, que já trabalhou com David Attenborough. Entrei em contato com ela e perguntei se toparia ser consultora do livro – para minha sorte, ela adorou a ideia. Encontrei muitas informações úteis on-line, mas às vezes é difícil saber quais são verdadeiras, então sempre verificava com a Jo.
Você está tentando ajudar a conter a poluição plástica e as mudanças climáticas?
SIM! Assim que comecei a escrever o livro, quis agir em minha cidade, Skipton, no norte da Inglaterra, então criei a organização Skipton Sem Plástico, onde realizamos eventos, escrevemos artigos e damos palestras sobre os problemas gerados pelo plástico e como todos podem fazer diferença. No momento, estou escrevendo outros livros sobre mudanças climáticas e participei de vários protestos contra as mudanças climáticas em Skipton. Além disso, tento alterar meu estilo de vida. É sempre uma sensação melhor que não fazer nada.
O que a fez despertar para esse tema?
Escrevi vários volumes da série O Livro dos Porquês, então sabia que o formato de perguntas e respostas, junto com as janelas, era ótimo para abordar o assunto do plástico. As pessoas têm tantas dúvidas… E o livro foi uma oportunidade de ajudar.
Você o escreveu porque queria espalhar a ideia de que devemos parar de usar plástico descartável?
Com certeza! Mas também porque queria me aprofundar no tema. Como chegamos a essa situação? É fascinante saber que o plástico foi inventado para PROTEGER a natureza. E que, ainda hoje, é um material útil para algumas coisas. Mas que é preciso acabar com hábitos de produtos plásticos descartáveis.
Como você levantou tantas perguntas legais para o livro?
Tenho sorte de ter dois filhos para lá de curiosos, que são a inspiração por trás de muitos de meus livros. Acho que as crianças são melhores em fazer perguntas sobre o mundo. À medida que as pessoas crescem, param de questionar por que as coisas são como são. Eu acho que é extremamente importante nunca parar de analisar. Senão, de que forma vamos tornar o mundo melhor?
Você usa muito plástico?
Evito ao máximo! E, em vez de substituir coisas plásticas por versões mais “ecológicas”, tento não usar nada. Por exemplo, prefiro não usar canudinho a usar um de papel que também será jogado fora. Quando compro maçã, cebola, cenoura, não uso sacolas plásticas nem de papel – levo tudo solto no carrinho e depois coloco numa sacola de tecido reutilizável.
Você precisou pesquisar muito para o livro?
UM MONTÃO! Não apenas para escrever o texto, mas também para encontrar referências para o ilustrador, assim as imagens também se tornam informativas.
Quanto tempo você levou nessa pesquisa? E quanto tempo levou para escrevê-lo?
Hummm, difícil dizer. Acho que levei um mês para pesquisar e escrever o rascunho, mas mais de seis meses para adequar as ilustrações ao texto e finalizar todo o conteúdo.
Você quer se envolver mais na causa da poluição plástica?
Sim, além de informar as pessoas por meio de livros, quero arregaçar as mangas e tentar melhorar minha vizinhança, em mutirões de limpeza, por exemplo.
Por que você escolheu escrever sobre plástico?
Porque o plástico está arruinando nosso planeta, e os livros são uma ótima forma de educar as pessoas.
Por que você escolheu um formato com janelas? Tinha em mente uma faixa etária específica?
As janelas são ótimas porque são interativas. Quem resiste a abri-las? E funcionam ainda melhor com o texto no formato de perguntas e respostas, tornando o tema mais atraente para as crianças e contribuindo para o aprendizado. Eu diria que o livro é adequado para qualquer criança – e que a maioria dos adultos também aprenderia muito com ele…
Você escreveu o livro em papel ou direto no computador?
Sempre escrevo um pouco no papel. Gosto de fazer anotações, mas logo em seguida digito tudo no computador para não perder.
Você já usou plástico e não o reciclou?
Sim, com frequência. Minha família tem o péssimo hábito de comer salgadinhos. Nossa lixeira ficava sempre cheia de sacos de salgadinho. Agora, levo tudo ao ponto de reciclagem, mas estou torcendo para que inventem uma alternativa não plástica!
Esta entrevista foi publicada originalmente na edição da primavera de 2020 da Yorkshire Dales Review [Revista dos Vales de Yorkshire,
em tradução livre], da organização não governamental Friends of the Dales [Amigos dos Vales], fundada em 1981 para fazer campanha
pela proteção e pelo aprimoramento dos vales de Yorkshire e incentivar todos a valorizar e a aproveitar a região.